As famosas “dores de ouvido” são inflamações ou infecções do ouvido e elas podem ser divididas em otite externa quando acomete pavilhão auditivo e canal do ouvido, e otite média quando acomete as estruturas para dentro do tímpano. Vamos falar mais um pouco de cada uma delas agora!
– Otite externa: é uma infecção do canal auditivo, pode ser causada por bactérias ou fungos, que são levados ao ouvido pelo contato com água, pelos dedos, cotonetes ou outros objetivos inseridos na orelha. No verão, é mais frequente devido ao contato com águas como de mar e piscina. Pode causar dor, saída de secreção e sensação de ouvido tampado. O tratamento é feito com uso de gotas de antibióticos e proteção do contato com água.
– Otite média aguda: infecção de partes mais internas do ouvido, causada por vírus e bactérias, geralmente, em decorrência de gripes ou resfriados. É mais frequente em crianças. Pode causar dor e febre, e em alguns casos, pode ter saída de secreção. O tratamento quase sempre envolve o uso de antibióticos.
– Otite média serosa – também chamada de otite média com efusão, é causada pelo acúmulo de líquido atrás do tímpano, sem estar associado com infecção. Costuma acontecer depois de um quadro de otite média aguda. Pode causar sensação de ouvido entupido e perda de audição. Como os sintomas são leves, pode ser difícil de ser identificada, principalmente em crianças. Em crianças pode causar atraso no desenvolvimento da fala e prejuízos escolares. É um quadro que deve ser acompanhado, e caso não ocorra melhora pode ser necessário um procedimento cirúrgico.
Durante o acompanhamento do quadro, é investigado a presença de adenoide ou de alterações nasais, como uma rinite mal controlada, que podem atrapalhar o funcionamento da tuba auditiva (um canal osteo-cartilaginoso que liga o ouvido com o nariz). Sua função é equalizar a pressão de dentro do ouvido com a do ambiente externo, quando ele não funciona bem pode predispor a doenças do ouvido, tanto infecções, como retrações da membrana timpânica. Em crianças, a tuba auditiva é mais curta, tem posição mais horizontal e já não funciona tão bem, e é por isso que as otites são mais comuns nessa faixa etária.
– Otite média recorrente – algumas pessoas, principalmente crianças, têm infecções do ouvido de repetição. É considerada recorrente quando a pessoa tem 3 infecções do ouvido em 6 meses, ou pelo menos 4 infecções em 1 ano. Esses casos devem ser acompanhados por um otorrinolaringologista, para identificar possíveis fatores de risco que favoreçam o quadro e propor o tratamento mais adequado.
– Otite crônica é qualquer tipo de otite que dura mais de 3 meses,que pode ocorrer pela falta de tratamento adequado ou ainda por uma alteração do funcionamento do ouvido. Principalmente relacionados à tuba auditiva, um canal ósseo-cartilaginoso que liga o ouvido com o nariz e cuja função é equalizar a pressão dentro do ouvido com o ambiente externo.
Quando a pressão fica menor que do ambiente, pode levar a alterações da membrana timpânica, promovendo uma retração dessa estrutura. Essa retração timpânica pode ser assintomática, mas em casos graves pode levar a destruição do ossos do ouvido provocando uma perda auditiva ou ainda predispor a uma otite crônica supurada e a ocorrência de colesteatomas.
A otite crônica pode ser dividida em simples, supurada não colesteatomatosa e supurada colesteatomatosa. A otite média crônica simples é quando ocorre uma perfuração do tímpano com a saída esporádica de secreção. A otite média crônica supurada não colesteatomatosa trata de infecção crônica, com a saída frequente de secreção, alterações da mucosa (revestimento) de dentro do ouvido e tímpano perfurado. A otite média supurada colesteatoma é quando ocorre a presença de uma doença chamada colesteatoma.
O tímpano é uma fina membrana que separa a orelha externa, composta por pavilhão auditivo e conduto auditivo, da orelha média, cavidade onde ficam os ossículos do ouvido. Ele tem papel fundamental na audição e pode ser perfurado sobretudo devido a traumas, como com o uso do cotonete ou ainda após infecções recorrentes do ouvido. Quando a lesão é pequena, geralmente o tímpano se recompõe sozinho, mas se a perfuração não melhorar pode ser necessária uma cirurgia. Alguns pacientes com tímpano perfurado não sentem nada, o quadro mais típico é apresentar saída de secreção pelo ouvido após contato com água ou durante resfriados. Pode ocorrer perda de audição associada ao quadro.
Colesteatoma é o acúmulo de camadas de pele em local inadequado dentro do ouvido. Com seu crescimento pode ocorrer destruição de ossos dentro do ouvido e pode infectar apresentando a saída de secreção de odor fétido com frequência. Em geral é uma doença adquirida, em pacientes que já tem histórico de problemas no ouvido, muitas vezes com infecções de repetição. Os principais sintomas são a saída frequente de secreção pelo ouvido e perda auditiva. Não costuma apresentar dor. O tratamento sempre é cirúrgico para remoção da doença.
Existe ainda o colesteatoma congênito que ocorre pela presença de células do neuroectoderma remanescentes da notocorda que permanecem dentro do ouvido. Nesse caso, os pacientes muitas vezes não sentem nada, e a doença é descoberta durante um exame de rotina. Os sintomas aparecem com o crescimento da lesão, levando a destruição de ossos dentro do ouvido, com a saída frequente de secreção e perda de audição. O tratamento também é cirúrgico.
A perda de audição é um sintoma que tem se tornado cada vez mais frequente. Pode aparecer em qualquer época da nossa vida, desde o nascimento. Pode ser dividida em perdas leves, moderadas, severas ou profundas, e pode acometer só um ouvido ou ser bilateral. O tratamento depende do grau da perda, pode ser indicado uso de aparelhos auditivos e em casos mais profundos podem ser necessários procedimentos cirúrgicos como o implante coclear e próteses ancoradas.
As causas variam conforme a idade. Pensando em causas congênitas temos as causas genéticas, malformações do ouvido e decorrentes de infecções durante a gestação. Problemas no parto ou nos primeiros dias de vida também podem levar à perda auditiva. Crianças prematuras, que sofreram com anóxia ou hipóxia (falta de oxigênio) neonatal, precisaram de UTI, tiveram infecções logo que nasceram e fizeram uso de medicações estão dentro do grupo de risco para perdas auditivas.
Durante o crescimento até idade adulta, podemos ter perda auditiva por doenças genéticas, uso de medicações que provocam lesões na cóclea (nosso órgão da audição), infecções como meningite, e devido exposição frequente ao ruído, como fones de ouvido ou durante o trabalho por exemplo em fábricas.Com o envelhecimento podemos ainda ter uma perda de audição chamada de presbiacusia causada pelo envelhecimento natural da cóclea.
O paciente com perda auditiva devem fazer acompanhamento anual com otorrinolaringologistas
A tontura é um sintoma complexo, muitas vezes chamada erroneamente de labirintite pode ter várias causas e para causa existe um tratamento específico. Entre as principais causas de tontura estão problemas do labirinto, doenças metabólicas como alterações da tireóide e diabetes, alterações da pressão arterial, uso de medicações e inflamações do nervo vestibular. Cabe ao médico investigar as causas possíveis e propor o melhor tratamento para cada caso.